De-lírios


Passos esvoçantes sob chuvas secretas
Cachos molhados pingando frutais.

Percorrem o corpo indiscretas,
Gotas atrevidas cheirando a sol.

Escorrem libidinosas e curvas
Beijam pálidas e turvas, recantos outonais.

Se entregam cheios e úmidos,
Lábios mordentes de puro rosal.

Dedos longínquos dissolvendo os laços
Resvalam em lento e puro deslumbre.

Odores de terra molhada invadem sentidos
Diluem-se versos em rimas, sensabores pessegais.

Olhos cerrados ao mundo, gotejam risos e lágrimas,
Relvas de puro jasmim em aquática dança.

Escapam libidinosos e ingênuos suspiros
Revelando festejos, íntimos festivais.

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